Irmã Marcia Lopes Assis compartilha conosco sua experiência como missionária na região de Juruti-Pará, na Amazônia – Brasil e o que significou para ela participar como voluntária na 52ª e 74ª expedição realizada no Navio Hospital Papa Francisco.
Ir. Débora Evangelina Vargas – A.S.C.J
Irmã Marcia Lopes Assis, pertencente à congregação Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, desenvolve seu trabalho pastoral na Paróquia Nossa Senhora da Saúde em Juruti-Pará do baixo Amazonas, pertencente à Diocese de Óbidos, no Brasil.
A irmã Márcia afirma que a sua “vocação foi missionária desde o início” e ao longo do seu caminho o bom Deus sempre a surpreendeu na experiência missionária que lhe permitiu viver.
“Todas foram experiências extraordinárias e intensas e estou muito grato por elas. Juruti não é diferente, uma experiência maravilhosa que me permitiu redescobrir a essência da minha vocação e o carisma do nosso fundador que carrego dentro de mim. O lar aqui não tem a conotação de outros lugares onde pensamos em algo estático, que atenda a todas as nossas necessidades ou onde estejamos a salvo de perigos externos. A casa aqui pode ser numa canoa ou numa rede instalada debaixo de uma mangueira, na rua ou num espaço coberto e aberto ou dentro da própria sacristia.”
As crianças, os melhores professores
Entre las diversas actividades que realiza, la consagrada asesora al Consejo Misionero Parroquial (COMIPA), pastoral que acoge la exhortación del Papa Francisco a ser una “Iglesia en salida”, una Iglesia misionera. El objetivo del COMIPA es llegar a las 78 comunidades que integran el sector parroquial, en especial las más lejanas, débiles y necesitadas, que se encuentran a más de 60 kilómetros.
Cruzar o rio Amazonas, comenta Irmã Márcia, “não é uma tarefa fácil. Ao chegarmos na comunidade de Santa Rita, fui recebida pelas crianças, muito tímidas e assustadas com a chegada de um estranho, mas logo nos tornamos muito próximos. Alguns têm medo porque me confundem com uma enfermeira ou uma dentista; outros me chamam de professora, mas quase todos ficam cativados, se aproximando e dizendo que também serão religiosos quando crescerem”.
Como forma de agradecimento, as crianças propuseram ensinar a freira a remar. “Encontrei nas crianças os melhores professores”, acrescenta.
Irmã Marcia Lopes Assis com as crianças da Ilha de Santa Rita, na Amazônia, Brasil
Desafiar a natureza
Um dos muitos desafios apresentados nessa região em que a Ir. Márcia cumpre a sua missão é a “terra caída”, ou seja, as ilhas que desapareceram devido à força constante das águas. Isso faz com que algumas casas fiquem submersas e muitas famílias tenham que se mudar até que o nível da água baixe novamente. Estes acontecimentos fazem com que a educação se adapte não ao calendário civil mas ao calendário das águas. Para transportar as crianças para a escola, existe um barco escolar que as busca em suas casas.
Dormir em uma rede ao som da água do rio; não ter nem celular, entre outras experiências, ajudou a consagrada a sentir compaixão e a aprender uma grande lição: “aceitar as coisas como elas são” e agradecer o testemunho de força, esperança e resiliência oferecido pelas famílias.
Um barco carregando esperança
A consagrada participou das 52ª e 74ª expedições do “Navio Hospital Papa Francisco”. Nessa ocasião, juntamente com um grupo de 35 colaboradores, incluindo 10 médicos, 2 dentistas e um sacerdote, Frei Alfonso Lambert, cumpriram a sua tarefa pastoral de cuidado humanitário, defendendo a vida e evangelizando, com simplicidade e amor.
O dia no barco começa bem cedo com a celebração da missa. Depois, os profissionais tratam as pessoas de acordo com suas enfermidades. “Dedico-me a acolher famílias, evangelizar crianças, acompanhar doentes após cirurgias ou visitá-los caso não possam deslocar-se. Distribuo a Eucaristia aos enfermos”, diz a Irmã. Márcia.
Irmã Márcia leva a comunhão aos enfermos na Ilha de São Sebastião, na Amazônia, Brasil.
Nas expedições eram realizadas intervenções cirúrgicas simples: alguns pacientes já aguardavam por 8 anos. Na viagem, visitaram a região de Aritapera e a região indígena Mamuru. “Podemos fazer uma analogia entre o Barco Hospital e Jesus: assim como levavam todos os doentes até ele para curá-los, o mesmo aconteceu com o Barco Hospital”, afirma a Ir. Márcia.
Durante esses dias, a religiosa experimentou uma Igreja samaritana que oferecia a cura do amor: “Há um propósito que dá sentido a estar onde você está e fazer o que você faz. Que nada nos impeça de sermos missão onde quer que a Providência nos coloque e que o amor seja o motor de tudo”, concluiu a irmã.